domingo, 24 de julho de 2011

Oração de uma criança.

Gabriel era um menino franzino, estatura baixa, de olhos grandes, e expressão triste. Quase nunca sorria, só quando era necessário – mesmo assim sorriso forçado. Encontrava-se sempre sozinho, mesmo em meio a tantos meninos. Calado. Viajando em seus pensamentos. Morava em um orfanato assim como tantos outros meninos. Em meados de seus 10 anos, sonhava em ter um quarto só para ele e uma família, que pudesse chamá-los de papai e mamãe. Sempre fora muito sozinho. E sempre ao deitar-se na cama em um quarto que dividirá com mais outros meninos; com a cabeça ao travesseiro, fechava os olhos e imaginava: um quarto não muito grande nem pequeno, mas nele tinha uma cama, armário, escrivaninha e uma janela que se dava para ver o jardim e escutar os pássaros cantar. E nele sempre ao pé da cama onde dormirá todas as noites, a presença de um casal, que sempre todas as noites, o darão boa noite e um beijo em sua testa. Na pausa de seus pensamentos, então repentinamente se levantará da cama como de costume. No silêncio que a noite-adormecida trás com ela. Ficará de joelhos no chão a beirada da cama. Palma das mãos uma de encontro com a outra, cabeça baixa, olhos fechados e então de voz baixa, quase imperceptível, fala-se: – Boa noite Papai do Céu. Sei que não tenho sido um bom menino. Não tenho brincado como deveria. Mas não estou bem. Papai do Céu por que ninguém me quer como filho? Sonho tanto com um quarto só meu e com um Pai e Mãe que me amem, para que quando eu fosse me deitar, eles me dessem boa noite e um beijo. Só isso que te peço Papai do Céu. O menino então pausa. E em meio a um suspiro forte. Lágrimas escorrem pelo seu rosto. Debruça a cabeça sobre o colchão com as mãos na cabeça e ainda de joelhos. Reza mais uma vez baixinho: – Papai do Céu se me escuta mesmo. Me ouve; coloca alguém em minha vida e na vida de meus amiguinhos. Papai, quero um quartinho de cor azul, com uma cama e que eu tivesse um Pai e uma Mãe para cuidar de mim, quando me machuca-se, quando fosse o meu aniversário. Obrigada Papai do Céu por me escutar mais uma vez. O garoto suspira profundamente. Então deitara novamente, olhando para cima. Olhos pesando. E pouco a pouco caíra de novo em sono profundo como todas as noites. E assim dormira em meio a seus desejos singelos e com a esperança que o seu Papai do Céu o ouça e realize seu sonho.

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